Varejo vai manter IPI reduzido até renovação de estoques
A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da linha branca acaba no próximo domingo, dia 31, mas os varejistas prometem manter os preços mais baixos durante quatro ou cinco semanas. As redes têm estoques de geladeiras, fogões e máquinas de lavar comprados antes do retorno do imposto e que continuarão a ser vendidos com desconto – isso se a indústria não convencer o governo a estender o prazo do benefício fiscal. A demanda pelos produtos continua aquecida. O grupo Pão de Açúcar, que administra as bandeiras Extra e Ponto Frio, diz que as vendas da linha branca cresceram 35% em janeiro deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. A companhia já decidiu que manterá os descontos depois do domingo, enquanto durarem os estoques. Medida seguida pelo Walmart, que espera uma alta de 40% nas vendas neste fim de semana. A redução do IPI foi anunciada pela primeira vez em abril de 2009. Na ocasião, foram zeradas as alíquotas de fogões e tanquinhos, enquanto o imposto das geladeiras passou de 15% para 5%, e o das máquinas de lavar foi de 20% para 10%. No início de novembro, o governo alterou o benefício, que ficou menor para equipamentos que consomem menos energia elétrica. No caso das geladeiras, por exemplo, o tributo passou a variar de 5% (para equipamentos classe A na avaliação do Inmetro) a 15% (classes C, D e E). Para lavadoras, a variação é de 10% a 20%. Se o imposto voltar, a alta no preço final, portanto, chegará perto de 10%. “Temos um estoque para 40 dias, caso o governo não prorrogue a redução do imposto”, diz Wanclei Said, diretor da rede de supermercados Condor. Segundo ele, os produtos mais procurados neste mês são as geladeiras, que podem sumir do estoque antes do esperado. Nas Lojas MM, as vendas da linha branca subiram 25% no ano passado. “Com as vendas de fim de ano, houve necessidade de repor estoques. Conseguimos fazer isso a tempo e estamos prontos para a demanda esperada”, diz Marcio Pauliki, superintendente do grupo. “O IPI reduzido permanece enquanto houver estoque. Quando o IPI voltar ao normal, esperamos uma procura maior pela linha marrom”, diz Edevaldo Karnoski gerente de uma unidade das Lojas Colombo em Curitiba. A rede tem estoques para 30 dias. rês dias do fim da redução do IPI, a indústria continua negociando com o governo a prorrogação do benefício. Armando Ennes do Valle Jr., diretor de relações institucionais da Whirlpool, que produz as marcas Brastemp e Cônsul, calcula que as vendas da linha branca no Brasil tenham subido 24% em 2009. “As vendas haviam caído 4% no primeiro trimestre. Assim, projetamos que o crescimento do setor teria sido zero sem a redução do IPI”, diz. “Sabemos que houve outros fatores, como a volta do crédito e a elevação do salário mínimo. Mas a queda do IPI foi importante no desempenho do mercado e sem dúvida o principal beneficiado foi o consumidor. A indústria discute com o governo uma forma de evitar a volta do IPI aos níveis anteriores.”
Entre os argumentos da indústria está o fato de a linha branca sofrer uma das tributações mais altas do país, mesmo sendo formada por itens considerados essenciais. “Somente o fumo é mais tributado”, diz Valle. O setor também coloca que a expansão nas vendas fez com que a arrecadação de tributos como ICMS e Cofins aumentasse em R$ 483 milhões em 2009, mais do que os R$ 320 milhões que o governo diz ter perdido com o corte no IPI.