Um ano sem Frei Carlos
No dia 20 de Janeiro de 2011, faleceu inesperadamente Frei Carlos Cezar de Almeida, da Ordem dos Frades Menos Capuchinhos e pároco da Paróquia de Londrina.
Frei
Carlos estava de férias na casa da família, na cidade de Bandeirantes (PR), na quarta feira (20/01/2011) à noite, concelebrou missa na Igreja Matriz de Bandeirantes, juntamente com os padres da paróquia. Depois retornou à casa dos pais e foi dormir na casa de sua irmã Norma, que mora sozinha numa casa vizinha aos pais. Ele pediu o computador da irmã, pois estava redigindo um texto catequético. A irmã chegou a escutar um barulho, mas percebendo a luz ligada e nada mais de anormal, foi dormir.
De manhã levantou cedo e foi trabalhar. Ao retornar, perto do meio dia, percebeu que o Frei não havia levantado. Tentou abrir a porta, mas a mesma estava chaveada. Chamaram os bombeiros e encontraram o corpo caído no chão. A autópsia feita pelos médicos de Jacarezinho constatou que foi um enfarto fulminante.
O velório foi realizado na Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus, em Bandeirantes, e no dia 21, quinta feira, as 08h30 foi celebrada a missa de corpo presente, presidida por Dom Antonio Braz Benevente, Bispo de Jacarezinho, com a presença do Ministro Provincial dos Freis Capuchinhos do Paraná e Santa Catarina, Frei Davi Nogueira Barboza, vários padres, freis, diáconos, lideranças pastorais e familiares. O corpo foi sepultado no cemitério de Bandeirantes.
Frei Carlos iria completar 50 anos. Nasceu no dia 23/05/1961, em Varjinha (MG), filho de Agenor e Maria Azine de Almeida. Entrou no seminário dos Capuchinhos em 1980, em Irati (
PR), fez o Noviciado em Curitiba em 1982; cursou Filosofia em Ponta Grossa (1983/84); Teologia em Londrina (1985/88). Fez sua Profissão Religiosa no dia 25/05/1990. Em 23/10/94 foi ordenado Diácono e em 24/06/95 Sacerdote em Bandeirantes, por Dom Conrado Walter – Bispo de Jacarezinho.
Trabalhou em fraternidades de inserção entre os pobres em Ibiporã (1989/90) e em Santo
Antonio da Platina (1991/94). Em 1994 morou em Céu Azul (PR) como formador e vigário paroquial. Em 1995/96 esteve na Paróquia de Capitão Leônidas Marques (PR). De 1997 a 1999 passou a fazer parte da Equipe Missionária. E de 2000 a 2002 atuou na Paróquia Nossa Senhora Luz, Vila Industrial, Curitiba. No ano de 2003 ele fez o CERNE, um curso de revitalização da Vida Religiosa, no Rio de Janeiro. Então retornou ä atividade pastoral na Paróquia Bom Jesus, em Ponta Grossa até 2007. No ano de 2008 foi a Belo Horizonte onde fez um Curso de Especialização em Pastoral. Em 2009 iniciou o trabalho como vigário Paroquial em Cruzeiro do Oeste (PR), e em agosto foi transferido para a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do Jardim Igapó, em Londrina, como administrador Paroquial e Pároco (2009/2010). Além disso, era coordenador do Decanato Sul da Diocese e participava do MEL (Movimento Ecumênico de Londrina).
Ultimamente fazia acompanhamento médico, mas nada indicava tamanha gravidade. Tinha um temperamento firme, era um trabalhar incansável, sobretudo a serviço dos mais pobres e necessitados, sempre disposto quando chamado.
Deixou dor e saudade na Fraternidade Santa Clara onde vivia e pelos lugares onde trabalhou. Partiu ainda jovem encerrando sua missão entre nós, e como o Apóstolo Paulo, poderia ter afirmado:
“
Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a minha fé“ (2Timóteo 4,6).
Era uma vez um homem que escolheu a divina missão de semear luz, através da reflexão da Palavra de Deu. Durante o tempo que passou na comunidade, Frei
Carlos, nos ensinou a conhecer melhor a Palavra de Deus e aplicá-la em nosso dia a dia. O evangelho, tão bem explicado em suas homilias, nos desafiava a prática em nossa rotina particular. Talvez não soubesse, mas essas lições eram fragmentos de luz que através dele, Deus nos entregava em pequenas doses, como uma experiência da alegria que aguarda todo aquele que se entrega ao Criador.
Durante o tempo do advento, numa homilia que viria marcar essa comunidade para sempre, comparou nossa busca pela luz de Jesus Cristo com os girassóis, que buscam a luz do sol para crescer e se fortalecer. As sementes que cada um de nós levou para casa, naquele dia, já estavam depositadas em nossos corações, muito tempo antes, há mais de um ano. Fora
m muitas as sementes que brotaram e que vimos florir, e que se concretizaram. Se pudéssemos conhecer os projetos de Deus, saberíamos que a missão de nosso Frei Carlos era a de semear, de fazer germinar idéias e projetos, sempre com a urgência da colheita que prematuramente não pode celebrar. Fica para a comunidade a missão de cuidar do campo tão cuidadosamente preparado, gerando novas flores e novas sementes que, com certeza crescerão fortalecidas pela luz de Cisto Jesus. Estamos todos num mesmo campo, mas nem sempre realizamos o movimento em busca da luz.
O girassol só pode ser feliz se estiver guiado pelo sol..
É por isso que eles não crescem onde existem sombras.
Frei Carlos sabia disso. Os girassóis já sabem disso. Nós precisamos aprender.
“E é morrendo que se vive para a vida eterna. “ (Oração de São Francisco)