UENP retrata os 100 dias de pandemia no Norte Pioneiro
A Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), por meio de docentes do Colegiado de Geografia, divulgou um retrato dos 100 dias de pandemia no Norte Pioneiro do Paraná. Na última quinta-feira, 18, centésimo dia, eram 746 casos e 38 óbitos na região. Neste domingo, 21, última divulgação da Secretaria de Saúde, os dados atualizados foram de 844 casos e 41 mortes. Dos 39 municípios relacionados no levantamento, a cidade que apresenta maior número de casos é Cornélio Procópio, mas há um avanço considerável da doença na região de Siqueira Campos, alertam os pesquisadores.
O responsável pelo levantamento de dados na região é o professor Pedro Henrique Carnevalli Fernandes. Ele avalia que, nos 100 dias de pandemia, o comportamento da Covid-19, no Norte Pioneiro, pode ser traduzido em dois momentos. No primeiro, foi apresentado um “comportamento de controle”, que durou 65 dias (entre 11 de março e 14 de maio), e resultou em 36 casos e cinco óbitos pela Covid-19. Já no segundo, manifesta-se um “comportamento de descontrole”, sendo que, em 35 dias de pandemia (15 de maio a 18 de junho), foram 710 casos e 33 óbitos na região.
“Essa mudança de comportamento tem relação, principalmente, com a flexibilização do isolamento social. Os gráficos mostram a escalada da doença no Norte Pioneiro. No primeiro mês de pandemia, a região teve oito casos; no segundo, vinte casos (28 no total); e no terceiro mês, foram 495 casos (523 ao longo de três meses). Ao final do dia 100 de pandemia, o Norte Pioneiro somava 746 casos e 38 óbitos por Covid-19”, afirma o professor.
A última semana, entre 11 e 18 de junho, foi a mais cruel da série histórica regional – 223 novos casos e 21 óbitos. O professor explica que, entre os óbitos, a dinâmica de crescimento se repete. Entre 11 de março e 21 de maio, portanto, 72 dias de pandemia, foram registrados seis mortes. Nos demais 28 dias de pandemia, ocorreram 32 óbitos.
Ao completar 100 dias de pandemia, 39 cidades da região apresentaram casos de Covid-19 e apenas sete não registraram oficialmente. “O epicentro da região continua em Cornélio Procópio, mas agora transbordado para o seu entorno. Além dessa área, é possível perceber uma assustadora escalada da doença na região de Siqueira Campos, atingindo, principalmente, Conselheiro Mairinck, Guapirama e Jundiaí do Sul”, alerta o professor.
O avanço da Covid-19 em Cornélio Procópio
Os dados mostram que o epicentro da doença na região é o entorno de Cornélio Procópio. O município possui 30% dos casos e dos óbitos existentes em todo o Norte Pioneiro. Dentro da regional de saúde, representa quase metade dos casos registrados. “Esse cenário assustador ganha forma quando analisamos a taxa de contaminação em comparação aos demais 399 municípios paranaenses: Cornélio Procópio aparece com a 15ª maior taxa no Estado. Algo deu errado, uma vez que a doença não escolhe cidade. A disseminação da Covid-19 é resultado, em parte, do comportamento social da população e das políticas públicas promovidas pelo Governo”, analisa Fernandes.
O professor lembra que o primeiro caso confirmado na cidade foi em 2 de abril, ou seja, com 23 dias de pandemia. O segundo aconteceu mais de quarenta dias depois. Daquela data em diante, teve início a escalada da doença. No começo desse mês, a cidade já passava de 150 casos, e em 18 de junho, dia 100 da pandemia, Cornélio Procópio atingiu 217 casos de Covid-19.
“A curva de avanço da doença em Cornélio Procópio evidencia uma escalada vertiginosa. Infelizmente, a cidade ainda não atingiu o pico da doença. E esse contexto local começou a influenciar na região do entorno. Analisando o mapa é possível constatar a evolução significativa no último mês. No período entre os dias 65 e 100, os casos na região cresceram 2.245%, chegando a 469, e os óbitos aumentaram 800%, atingindo 27 pessoas. Já a taxa de contaminação da região, atualmente, é de 207,6 casos por 100 mil habitantes, sendo maior que a taxa de Curitiba, capital do Estado, que é de menos de 100. Portanto, é preciso comprometimento social da população e, principalmente, políticas públicas de combate à Covid-19, para quem sabe nos próximos 100 dias vivenciarmos um cenário menos catastrófico e doloroso”, aponta o professor.
Jornal Geografia/UENP
Docentes do Colegiado de Geografia da UENP lançaram em abril o Jornal Geografia/UENP, um canal para informar cientificamente sobre a pandemia. A edição número 10, lançada na última semana, traz conteúdo especial sobre os 100 dias de pandemia e faz um levantamento da Covid-19 no Norte Pioneiro do Paraná.
O jornal possui um corpo editorial próprio formado por alguns docentes do curso. A concepção se deu no contexto do projeto “As múltiplas Geografias frente a pandemia Covid-19”. O objetivo é estabelecer novas formas de ensino de conteúdos relacionados a Geografia, uma vez que o cenário da pandemia impactou diretamente a rotina acadêmica dos cursos da instituição.
No momento, o jornal conta com edições semanais, cada uma delas composta por três seções: duas escritas por professores vinculados ao corpo editorial ou convidados, e uma por um acadêmico do curso de graduação em Licenciatura em Geografia da UENP.
Fazem parte da equipe editorial os professores Alessandro Viceli, Jully Gabriela Retzlaf de Oliveira; Paulo Henrique Marques de Castro, Pedro Henrique Carnevalli Fernandes, Sibeli Fernandes e Vanessa Maria Ludka.