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No esporte, o atraso é mais embaixo

m_a_r_a_c_a_n_"Copa no país está pior que na África", segundo jornais de terça-feira, 29. "O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que, a três anos da Copa, o Brasil está mais atrasado na organização do torneio do que a África do Sul em 2007. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, não comentou".

 

Há uma disputa política no caso. Blatter tenta se reeleger na Fifa, a federação mundial de futebol, em junho próximo. Teixeira apóia a oposição ao suíço. "O ministro Orlando Silva Jr. (Esporte) admitiu problemas em Natal e São Paulo, mas disse que nas outras sedes as obras vão bem", escreve a Folha de S. Paulo.

 

Fala-se aqui de_s_t_a_d_i_o__-__recifea Copa do Mundo de 2016, no Brasil. Porém, o atraso é mais embaixo no esporte em geral. Numa entrevista em que demonstra seu elevado nível pessoal, Joaquim Cruz, recordista da corrida de 800 metros e medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984), afirma que as chances do Brasil ter um bom desempenho na Olimpíada de 2016, no Rio, morreram antes mesmo de nascer. "Com sorte, só em 2020", afirma, na manchete das páginas amarelas da revista Veja (30 de abril de 2011 é a data de capa, que destaca Elizabeth Taylor.)

 

DESENVOLVIMENTO HUMANO

 

Joaquim Cruz recorda, resumidamente, que, em 2005, o governo do presidente Lula por meio do ministro Agnelo Queiroz, lançou em São Paulo a Política Nacional do Esporte, para atuar na promoção da atividade física como fator de desenvolvimento humano, dando atenção especial à base, às escolas, como ferramenta de inclusão social. "As ideias são corretas, mas nunca saíram do papel. O resultado? Nossos estudantes continuam sem oportunidades de praticar esporte de maneira organizada e competitiva".

 

O medalhista brasileiro – que hoje trabalha com equipes paraolímpicas e cuida da reabilitação de soldados feridos nos Estados Unidos, e mantém um trabalho social em Taguatinga – comenta que lá há comprometimento e participação direta de todos os responsáveis na educação esportiva da criança. "Quando digo todos, estou me referindo a governo, família, líderes comunitários, professores, dirigentes e empresários".

 

O resultado aparece num trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU), feito em 2004, e citado por Joaquim Cruz: "Para cada dólar investido na infância, o governo tem um retorno de 3,4 dólares com a redução da ida de meninos e meninas a centros de saúde, menos internações, melhor qualidade de vida e, principalmente, progressos no rendimento escolar. Nos países que investem em políticas públicas de esporte na escola, as reprovações baixam expressivamente. É assim em nações ricas ou pobres, não há diferença".