Nilmar foi destaque no Jornal Nacional de sábado dia 15/05
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Na orelha não há um brinco de diamante. No corpo, nenhuma tatuagem. As músicas preferidas não são o samba ou o pagode. Gosta mesmo é de um bom sertanejo. Algo raro entre os 23 jogadores brasileiros convocados por Dunga para a Copa do Mundo. Nilmar é assim, diferente. Aos 25 anos, o atacante que tem a melhor média de gols do grupo que vai a África do Sul, ainda lembra muito o menino que cresceu em Bandeirantes, cidade do interior do Paraná de apenas 34 mil habitantes. Nilmar foi criado à moda antiga.
O pai Nilton lembra até hoje o pedido que fez ao filho ao deixá-lo nos alojamentos do Internacional, em Porto Alegre, aos 15 anos de idade: "Não coloca brinco, meu filho. Pelo amor de Deus. Pode deixar o cabelo crescer, mas não coloca brinco!". – Ele é um menino muito responsável. Não bebe, não fuma, não usa brinco.
Eu sempre falava para ele: “jogador não presta”. E ele respondia: “mas eu presto” (risos). Ele nunca gostou de bagunça. Não tem vício nenhum – garante a mãe Marisa. – Meu pai nunca foi fã dessas coisas. Gosto de brinco e tatuagem nos outros. Em mim não é muito legal, não. Nada contra, mas eu não gosto. Não é o meu perfil – completa Nilmar.
A gravidez foi inesperada. Nilton e Marisa já tinham dois filhos e decidido parar por aí. Mas ela começou a engordar e a se sentir mal. Não procuraram um médico. – Não achava que estava grávida. Achava que estava com um cisto na barriga. Mas Dona Marisa começou a engordar. E veio a desconfiança. – Não se fazia ultrassom aqui em Bandeirantes. Tinha que ir para Cornélio (cidade que ficava a cerca de 40 quilômetros).
Aí a gente foi e fez. Estava grávida de cinco meses quando descobri – lembra Marisa. Veio, então, a dúvida em relação à saúde do bebê. – Eu fiquei preocupado. Será que esse moleque vai nascer doente, Marisa? Porque ela tomava remédio pensando que era outra coisa. Mas ele nasceu sadio – disse Nilton. Sadio e com fome. Foram três anos pedindo leite materno.
Dona Marisa já não aguentava mais. – Ele só parou porque eu passava remédio no peito e falava que tinha o leite estragado. Não adiantava falar que tinha acabado. Nunca vi gostar tanto de leite, meu Deus. – Já ouvi muito sobre isso (risos). Minha mãe diz que eu tenho que dar um silicone para ela. Nossa, adoro leite. Sempre antes de dormir tenho que tomar um leite com chocolate. Gosto muito – comprova Nilmar.
Gravidez não planejada, correria na casa da família Honorato. E eles esqueceram de um detalhe: o nome do terceiro filho. A mais velha se chamava Tatiane. O do meio era Fabrício. E agora, qual seria a escolha? – O Nilton queria colocar o nome que ele queria. Eu queria Edivalter ou dar o nome do pai para chamar de Júnior. Também pensei em Antônio Carlos.
Mas o Nilton só colocava defeito – lembra Marisa. A confusão estava formada. O caçula havia nascido há 15 dias e ainda não tinha um nome. Mas a decisão veio para selar a união. Foi uma sugestão da chefe de Nilton, que trabalhou por 25 anos como garçom. – Fui pedir ajuda. O Fabrício eu escolhi na revista. A Tati eu escolhi na revista. Agora esse eu não estava esperando. Aí ela me disse: “você quer um conselho? Junta o teu nome e o nome da tua mulher”.
Colocamos, então, Nilmar. E não é que o nome pegou! – lembra. Tia Cidinha explica origem do nome de Nilmar. Meio estranho na escola. União das três primeiras letras dos nomes dos pais. Nilton e Marisa. Virou até tema da Tia Cidinha na alfabetização. – Dizia para ele que o seu nome é muito bonito. Tem a junção do nome do papai e da mamãe. Escrevi no quadro e expliquei para a classe – lembra a professora Aparecida Anastácia. – No início era complicado no colégio. Depois as pessoas se acostumavam. Porque é um nome diferente, para não dizer que é feio, nê? (risos). Não, não vou falar que é feio porque minha mãe fica triste. É diferente. Olha o lado bom. No futebol não tem outro – brinca Nilmar. Nilmar é assim. Brincalhão, de bem com a vida.
Ansioso com a gravidez da esposa Laura, que espera o primeiro filho do atacante, ele gosta de brincar com os pais quando o assunto é a escolha do nome. Fala que vai repetir a fórmula. – Ele fica tirando sarro da gente. Fico perguntando como vai se chamar (o neto). E ele diz que se for menina vai ser “Nillau” e se for homem vai chamar “Launil” (risos) – conta Dona Marisa.
Desde pequeno Nilmar deu trabalho, só queria saber de jogar futebol. Depois das aulas na escola municipal Maria Inês, ia direto para um campinho que havia perto de casa. Só voltava cheio de carrapicho e com a meia lotada de capim. Um ano e quatro meses mais velho, o irmão Fabrício se lembra de uma história engraçada da infância de Nilmar. Algo que lenda entre os amigos da família. – Ele e outros amigos foram pegar jabuticaba em um sítio. Pegar nada (risos), roubar, nê! Quando você é pequeno não pede nada. Você pega e vai embora. Aí o dono chegou lá e tinham cinco marmanjos catando jabuticaba da árvore.
O cara ficou o bicho, montou no cavalo e saiu correndo atrás da molecada. Eles saíram correndo no meio da cana com um monte de jabuticaba enrolada na camisa. Foram parar lá no rio da divisa da cidade. O cara ficou de um lado da ponte e eles do outro em um bar, que tinha um monte de gente. E o moço do sítio só esperando. Eles ficaram um tempão lá sem conseguir ir embora. Ai, para ir embora, eles entraram na caminhonete e foram escondidos, abaixados. Quando passaram pelo moço começaram a provocá-lo (risos). O cara correu atrás de cavalo, mas não conseguiu mais pegá-los – lembra.
Seu Nilton resolveu colocar Nilmar em uma escolinha de futebol da cidade. Escutou do treinador João Francisco de Souza que o garoto levava jeito, mas era muito franzino. Começou, então, um trabalho físico com o filho. No sol do meio dia, colocava um golzinho de ferro no campo e fazia-o ficar pulando e correndo. – Eu ficava assistindo.
Sozinho, com aquele calor, o moleque malhando ali. Eu ficava até com dó. Mas aí quando ele ficou em ponto de bala eu resolvi levar para um clube. E deu certo. No primeiro teste, no União Bandeirantes, Nilmar foi reprovado. Alegaram que ele era muito fraquinho para ser jogador de futebol. Mas, no segundo, no Matsubara, ele passou. O problema é que o clube ficava em Cambará, uma cidade que ficava a 35 km de Bandeirantes. – Eu levava e trazia, levava e trazia. Todos os dias. Mas chegou um ponto que não dava mais. Porque eu não tinha grana para ficar para lá e para cá. Tinha um fusquinha vermelho.
E ia levar o moleque todos os dias para treinar em Cambará porque eles alegavam que não tinham quarto disponível. Fiquei um mês assim e aí não dava mais. Falei para eles que não tinha grana, que trabalhava também. Tinha o pedágio na estrada para pagar, tinha tudo. E aí eles falaram para deixar o moleque. E ele começou no futebol – lembra o pai Nilton.
Dona Marisa não gostou muito da idéia de o caçula sair de casa aos 12 anos para jogar futebol. Quando Nilmar passou no teste e foi para Cambará, cidade que fica a cerca de 30 minutos de Bandeirantes, ela foi visitá-lo no Matsubara e queria levá-lo de volta. – Cheguei lá e vi uma bagunça, aquela molecada… Fiquei com dó. Queria que ele voltasse para casa. Falei: “você não precisa disso”. Mas ele não quis ir embora, não – lembra. Determinado, Nilmar permaneceu cerca de um ano e meio no Matsubara.
A arrancada na carreira aconteceu quando viajou para disputar um campeonato juvenil em Bebedouro, no interior de São Paulo. – Teve um jogo contra o Bahia. Ele começou jogando e deu um show de bola. Aí o Internacional acabou chamando. Ele não me contou nada – lembra o pai Nilton, que levou um susto quando recebeu um telefonema de um dirigente do clube gaúcho. A maioria dos jogadores teve um começo complicado.
Comigo também foi assim. Pai e mãe sempre trabalhando para sustentar três filhos. Mas nunca passei fome. A gente era feliz. "Nilmar- Os caras me ligaram perguntando se eu queria “voar” no dia seguinte com o Nilmar porque eles estavam levando o garoto para treinar lá em Porto Alegre. Ele é como eu. Só fala quando está certo, para não ter erro. Ele ficou quietinho. Ai eu perguntei a ele porque não tinha me contado. E ele respondeu: “Ah, pai se eu conto e não desse certo ia ficar chato”. Nilmar estava completando 15 anos. Pela primeira vez embarcava em um avião. Junto com o pai, chegou ao Internacional para “assinar a papelada”. Mas o medo e a incerteza bateram nos dois. – Chegamos lá e tinha aquela turma de gente. Nossa senhora. Pensei… vou largar o meu moleque neste fim de mundo? – lembra Nilton.
Nilmar era tímido. Na primeira noite, um diretor do Internacional procurou Seu Nilton e falou que ele poderia levar o filho para dormir no hotel. Mas o pai preferiu deixá-lo no alojamento do clube como estava previsto. Afinal, ali era a nova casa dele. – Não esquenta não que ele é assim mesmo. É meio tímido. Eu vou embora e ele vai ficar. Ele precisa se acostumar – respondeu ao dirigente. Foram três dias em Porto Alegre. E Nilton resolveu voltar para casa. A diretoria do Internacional insistia para que ele ficasse mais um pouco na cidade para ajudar na adaptação de Nilmar. Tinha receio de que o garoto sentisse muito a mudança e desistisse de jogar no clube para voltar a ficar perto da família.
Mas Seu Nilton já tinha decidido retornar para Bandeirantes. A despedida foi um dos momentos mais difíceis da vida dos dois. – A hora de me despedir dele foi triste. Deu aquela vontade de chorar, sabe. Mas eu não podia chorar. Eu só o abracei me despedi e virei as costas. Ele também ficou chorando e virou. Eu fui andando devagarzinho. Mas eu não olhei para trás. Só de longe eu olhei. Mas foi triste, foi duro. Nilmar ficou com R$ 100 no bolso. Um dinheiro que o pai tinha pedido emprestado ao sogro.
Sem amigos, sem ninguém conhecido. A única companhia era a bola. – Esse dia foi um dos mais marcantes da minha vida. Antes eu jogava no Matsubara, era em Cambará. Morava na concentração, mas estava a 30 minutos de casa. Tinha sempre a família e os amigos perto. Mas aí fui para um grande clube, que era a minha oportunidade. Cheguei com o meu pai e quando ele foi embora deu aquela depressão. Chorava no canto. Mas não mostrava para ninguém. Ligava para casa e falava “nossa está tudo muito bem aqui”. Mas foi difícil, tive que enfrentar a vida. A primeira vez que eu andei de avião foi quando fui para Porto Alegre. A primeira vez que entrei em um shopping foi em Porto Alegre.
Foram descobertas que ia fazendo. Desde os primeiros dias, o Internacional apostava muito em Nilmar. E investia nele também. Após o primeiro mês no clube, um dirigente das divisões de base recebeu uma ligação de Seu Nilton. O pai do atacante dizia que o filho havia reclamado que não tinha recebido a ajuda de custo prometida pelo clube: R$ 250. Um problema com o contrato havia atrapalhado o pagamento. Mas no fim da tarde Nilmar já estava recebendo um vale de R$ 500, o dobro do valor. –
O Internacional sempre foi muito correto com ele. É um grande clube – lembra Nilton. – Para mim era muito dinheiro. Lá no Matsubara só recebia R$ 20 por mês. Na verdade, nem ganhava. Joguei um ano e meio no Matsubara e só recebi três meses. Lembro até de uma história muito engraçada. Eles não pagavam, mas aí um dia resolveram quitar dois meses. Nossa, R$ 40. Fiquei todo feliz, falei em casa. Aí fui receber e não tinha R$ 10 para dar de troco (risos). Eles queriam me pagar com uma nota de R$ 50. Tive que arrumar emprestado com a tiazinha de um bar – disse Nilmar.
O sucesso veio em grande velocidade. Mas se Nilmar conseguia passar com facilidade pelos zagueiros, não se livrou da marcação cerrada dos pais, que apareciam em Porto Alegre sempre que sabiam de algum problema. – Ele cresceu no futebol muito rápido. Logo foi para os juniores, se destacou o salário subiu. E a gente passou a administrar bem, sem deixar aquilo subir para a cabeça. Ele fez um acerto e ganhou um apartamento. Aí tinha uns amigos que foram morar junto dele. Mas começou a dar problema. Sai daqui e fui bater lá. Falei: “minha gente, vocês me desculpem, mas começaram a fazer bagunça e o vizinho reclamou. O moleque não é de bagunça e aqui não vai morar ninguém”. Passei um tempo lá. E sumiu todo mundo. Aí chamei o moleque (Nilmar) e falei “assim você vai se estragar desse jeito”. Acertei a cabeça dele e acabou o problema. O moleque tem cabeça boa. Cuida muito da família – garante Nilton.
No primeiro ano dele no Inter ele juntou dois sacos enormes só de camisa do Inter e veio distribuir aqui para o pessoal. Na cidade todo mundo andava com a camisa, o short, o agasalho do Inter (risos) "Fabrício, irmão de Nilmar completou o ginásio, mas não conseguiu fazer o segundo grau. As viagens no futebol fizeram o atacante abandonar de vez o colégio. Ele não chegou a jogar a Taça São Paulo de Juniores. Foi direto para o profissional do Internacional.
A estreia foi com 18 anos. Em 2004, foi campeão gaúcho sendo o artilheiro da equipe. Vieram os gols, o sucesso e as propostas de transferências. – Ele ia para a Rússia. Quando soube eu falei, não! Não vai, não! Vai ficar naquele gelo? Pega uma pneumonia e faz como? – lembra o pai Nilton. Mas não demorou para Nilmar ser contratado para o Lyon por cerca de R$ 15 milhões. Aos 19 anos ele embarcava para a cidade francesa. Levou o irmão Fabrício junto. Mas tinha poucas chances, estava infeliz. Resolveu voltar. Aceitou uma proposta do Corinthians.
Voltou a brilhar. Nilmar foi um dos destaques da campanha corintiana que conquistou o título do Campeonato Brasileiro de 2005. Vivia a melhor fase da carreira. Mas aí veio o drama. Rompeu o ligamento do joelho direito em um clássico contra o Palmeiras. Seis meses de recuperação. Voltou no início de 2007. Quatro jogos depois, outra partida contra o Palmeiras. E, novamente, a lesão. Só que agora no joelho esquerdo. – Duas vezes seguidas. E tudo contra o Palmeiras. Eu quase tive depressão. Estava com um pressentimento ruim e não fui ver aquele jogo. Juro por Deus. Fiquei no apartamento. Não fui. Aí vi o lance pela televisão. Fiquei mal, quase morri. Fui até no Albert Einstein fazer exame. Graças a Deus passou. Ele sarou, deu a volta por cima – lembra o pai. – Foi o momento mais triste da minha carreira.
Sempre acompanhava as lesões dos jogadores. O Ronaldo foi o meu grande exemplo. Duas lesões e deu a volta por cima. Ali caiu o mundo para mim. E aí ficava pensando será que vou voltar a ser o mesmo. Os clubes queriam me contratar, mas fazer contrato de risco. Ficava a desconfiança. Mas deu tudo certo – completa Nilmar. Para recuperar, fisioterapia e uma receita caseira. Segredo de mãe. – Dona Marisa fazia banho de rubim para ele. Pegava rubim, fervia, cozinhava, colocava em cima do joelho dele. Todos os dias. Ficava com medo. Temia que ele não voltasse o mesmo. Na segunda (lesão) eu temia muito. Mas o moleque voltou voando. Só que deu medo – lembra Nilton. – Tinha que cuidar daquela perna de ouro – brinca Marisa, que trabalhou como enfermeira por 22 anos.
Nilmar voltou para o Internacional. E recuperou a alegria. Na final da Dubai Cup em 2008, contra a Inter de Milão, o atacante acertou uma bicicleta que garantiu a vitória por 2 a 1 e a conquista do torneio. Na Copa Sul-Americana, o atacante marca na prorrogação o gol e deu ao clube gaúcho o inédito título. Agora a obra-prima aconteceu na primeira rodada do Campeonato Brasileiro de 2009. Na partida contra o Corinthians, Nilmar driblou sete adversários e marcou um gol antológico.
Fora de campo, o atacante também marcava um gol de placa. Casou com a estudante gaúcha Laura, com quem já namorava há cinco anos. A cerimônia aconteceu na Igreja São José com direito a trilha sonora dos Beatles. O casal vive hoje em Banicàssim, um município litorâneo que fica na Costa de Azahar, cerca de meia hora de distância de Valência. Jogando no Villareal, Nilmar está eufórico com a gravidez da esposa. A primeira filha chega em julho, logo após a Copa do Mundo. – Depois da Copa vou para Porto Alegre porque vai nascer a minha primeira filha.
São muitas emoções neste meio de ano. Bem financeiramente, Nilmar não se esqueceu de ajudar os amigos. Comprou um posto de gasolina em Bandeirantes para a família. O irmão Fabrício, que está no último ano do curso de administração, cuida de tudo. – Ele comprou o posto e colocou a gente para trabalhar. Ai não precisa mais ficar mandando dinheiro. A gente vive da renda do posto. Eu trabalho lá, o melhor amigo dele (Paulinho) também, uma prima, mais dois primos – disse Fabrício, que antes trabalhava no supermercado empacotando as compras dos clientes. – Ele sempre pensava na gente primeiro e, depois, nele.
O primeiro carro que ele comprou foi para mim. Ele próprio não tinha carro. Até que eu comecei a pegar no pé dele. Filho, você agora tem status. Não pode ficar indo para o treino de táxi. Até que lá no Corinthians ele comprou um carro para ele – lembra Nilton. No posto, há fotos de Nilmar espalhadas por todos os lugares. E desde que Dunga abriu as portas da seleção brasileira para o atacante, a entrada da lanchonete também ganhou uma decoração nova. Imagens de "Nil" com a camisa canarinho. – A gente se conhece desde criança. Fizemos muita arte juntos. Ele me ofereceu o trabalho. Para mim foi o maior prazer. Trabalhar no posto do meu melhor amigo.
O Nilmar é uma pessoa mais simples que todos nós juntos. É humilde demais, uma ótima pessoa. Esse posto vai ter fechar durante a Copa do Mundo (risos) – disse o amigo Paulinho, que trabalha como frentista e colocou uma foto de Nilmar em uma das bombas. – Eu sempre tive apoio dessas pessoas no meu início. Todos acreditaram em mim, que eu poderia ser um jogador e chegar a um grande clube. Proporcionar isso para eles é ótimo. Ver o meu pai bem, a minha família, os meus amigos.
Não adiantaria nada eu estar aqui desfrutando tudo isso sem ajudá-los – disse Nilmar. Procuro aproveitar cada minuto na seleção. Sei que só estamos ali de passagem e para ser lembrado é só com vitórias. Quero daqui a 20 anos mostrar para minha filha. Há um ano, Dunga convocou Nilmar para os jogos pelas eliminatórias e para a Copa das Confederações. E o atacante aproveitou como poucos a oportunidade. – Eram os jogos da minha vida. Na seleção brasileira é muito difícil ter oportunidades. É raro ter chance de jogar 90 minutos. Normalmente você entra e joga 15 minutos.
Contra o Chile, em Salvador, veio a chance como titular. E um nervosismo nunca sentido antes. A camisa da seleção não pesava nem um pouquinho. O problema foi o sentimento de culpa após marcar o primeiro gol… – Ia fazer o “L” para a minha esposa se marcasse um gol. Aí fiz o gol e a emoção, empolgação, o estádio cheio…
Tudo aquilo e esqueci. Saiu a bola no meio-campo e, meu Deus, lembrei! Nossa, o gol para a minha mulher! Fiquei com aquilo na cabeça até o intervalo. Nossa, falei que ia fazer o gol para ela. E agora? E agora? Acho que só fiz os outros dois gols (no segundo tempo) por causa disso. Antes de fazer os gols já estava com o “L” na mão para não esquecer (risos).
FONTE _ GLOBO.COM