Metade do Congresso tem parentesco com políticos

O Congresso Nacional que tomou posse no início do mês realça um aspecto da política brasileira: o laço familiar. Dos 594 parlamentares, 307 têm algum grau de parentesco com outros políticos. No Rio Grande do Norte, são 10 dos 11 eleitos. No Rio de Janeiro e em São Paulo, passam de 40%. E mais: 63% dos 73 deputados e senadores estreantes têm algum político na família. Trata-se do maior porcentual dos últimos 40 anos.

Além disso, 69% dos parlamentares do PMDB, que divide com o PT a maior bancada do Congresso, têm algum laço familiar com outros políticos. No PSDB, são 55% e no PT, 29%.

Paternalismo

 

“Uma das matizes da política brasileira é o laço familiar, o paternalismo, o nepotismo”, diz a cientista política e historiadora Marly da Silva Motta . “É uma linha que já vem representada desde a Primeira República, com as oligarquias. E isso só reduz quando o país passa por um período mais ideológico. Então se vê diminuído o impacto das relações familiares. Agora, quando o eleitor tem a percepção de que os partidos não são muito diferentes, cresce a tradição familiar.”

Longevidade

 

O levantamento revela ainda que dois congressistas da atual legislatura estão há 60 anos na política − o senador José Maranhão (PMDB-PB) e o deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG) . No total, 74 parlamentares começaram a carreira durante o regime militar, que terminou há 30 anos.

Outro dado do estudo mostra que a infidelidade partidária costuma ser alta. Dos 56 parlamentares que começaram a vida eletiva no PSDB, apenas 61% permanecem no partido. No PMDB, são 47%. O PT é uma exceção, pois 89% dos políticos que começaram a carreira na sigla continuam sendo petistas.

Metodologia do estudo

 

Os números do levantamento foram retirados das bases de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos tribunais regionais eleitorais (TREs), das assembleias legislativas, dos portais da Câmara e do Senado, do site Transparência Brasil e das páginas pessoais dos parlamentares.

Orçamento

 

Com mais de 25 mil funcionários, o Congresso tem orçamento maior do que muitos municípios. Em 2013, estavam disponíveis R$ 8,5 bilhões para despesas que incluíam de salários até compra de materiais. Os parlamentares votam os projetos mais importantes do país, como o orçamento da União, e fiscalizam o governo federal.

 

 

FONTE – GAZETA DO POVO