Importação de etanol: “Isso é uma vergonha!”
Antes de tudo, esclareço que a expressão "Isso é uma vergonha!" é de autoria do jornalista Boris Casoy, primeiro âncora do telejornalismo brasileiro, que a criou para expressar seu descontentamento com alguns fatos que ele noticiava nos jornais televisivos. Eu, que sou um defensor ardoroso do nosso vitorioso etanol, utilizo as palavras de Boris para, também, expressar o meu descontentamento com o que está ocorrendo no mercado do etanol brasileiro, com os altos custos nos postos de abastecimento (chegou a quase R$ 3,00/litro) e, se já não bastasse, a importação de etanol (anidro) de milho dos Estados Unidos para misturar à nossa gasolina.
Imaginem, prezados leitores, o absurdo da situação: o Brasil que é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e de etanol (anidro e hidratado) derivado dessa gramínea, irá importar o energético exatamente dos Estados Unidos, que insiste em impor uma absurda sobretaxa de US$ 0,54/galão para que o nosso produto possa ingressar no mercado daquele país, enquanto o dele entra livremente aqui!
Recordemos que no dia 03/02/2010, após a competente campanha da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Environmental Protection Agency, EPA) classificou o etanol de cana-de-açúcar brasileiro como "combustível avançado", tendo em vista que o nosso energético reduz a emissão de dióxido de carbono – CO2 – em 61% comparado com a gasolina, enquanto o seu similar de milho americano reduz somente 20% (para que um combustível alcance essa classificação, é necessário que ele reduza a emissão de CO2 em pelo menos 40% em relação à gasolina). Soma-se a esse fato a intensa batalha para a derrubada dos subsídios ao etanol de milho e da sobretarifa de US$ 0,54/g, mantidas pelo Congresso americano até o fim de 2011.
Fonte – Jornal do Brasil
Humberto Viana Guimarães