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HOJE NA HISTÓRIA – 30 de junho de 1988 – A última batalha do Velho Guerreiro

 

c_h_a_c_r_i_n_h_aSem buzina, bacalhau, ou estardalhaço, morreu um dos maiores comunicadores da TV brasileira: Abelardo Chacrinha Barbosa. O humorista, cujo programa Cassino do Chacrinha obtia os maiores índices de audiência televisiva nas terdes de sábado, não resistiu a um infarto no coração, aos 70 anos de idade.

 

Balançando a pança, buzinando a moça e comandando a massa, o Velho Guerreiro, como chamou-o carinhosamente Gilberto Gil, tornou-se quase um sinônimo da TV brasileira na década de 80. Seu humor anárquico, barulhento, mal comportado e desestabilizador sempre foi um sucesso popular, mas demorou a obter status cultural.

 

"Os intelectuais me esculhambavam. Foi só em 67, quando um sociólogo francês veio ao Brasil e me chamou de comunicador, que começaram a prestar atenção em mim", comentou Chacrinha em uma de suas entrevistas.

 

Pernambucano, filho de pais pobres, o velho realmente era guerreiro. Com medo de voltar à miséria, Chacrinha acompanhava toda semana seus índices do IBOPE para ter certeza que o seu sucesso continuava. Esse sucesso barulhento e agitado, no entanto, não começou na telinha, mas sim no rádio.

 

Numa pequena emissora de rádio, Abelardo criou sozinho um programa que parecia uma festa – das mais barulhentas – ao vivo. Como esta rádio funcionava numa chácara, seu programa ganhou o nome de Cassino do Chacrinha. Logo passou para a Rádio Continental e daí, um breve caminho até a Tupi.

 

c_h_a_c_r_e_t_e_sQuando estreou na TV, em 1956, manteve o mesmo clima que o deixara famoso. E deu mais do que certo. Em A Discoteca do Chacrinha, da TV Tupi, surgiram os elementos através dos quais seria lembrado: as fantasias, o bacalhau, as dançarinas. Isso tudo acompanhou o mestre pelas décadas seguintes, contribuindo para que ele fosse considerado o pai do Tropicalismo.

 

Em seus últimos meses de vida, Chacrinha se manteve afastado das telas de TV, por conta de um câncer de pulmão, mas persistiu em seguir gravando, mesmo que pouco, para que sua estrela nunca se apagasse. E, até hoje, ela se mantém acesa.