DIA DO AÇOUGUEIRO – Venda de carne está em alta, mas eles estão em extinção

Hoje, é comemorado o Dia do Açougueiro, um dos ofícios mais antigos do mundo, mas que está em extinção. É que são raros os jovens que se dispõem a aprender a arte de cortar as peças corretamente e ao gosto do freguês.

De acordo com uma pesquisa feita por uma agência americana de recursos humanos, a profissão de açougueiro é uma das que mais sofre com a escassez de profissionais. O estudo, que ouviu mais de 40 mil empregadores em 42 países, revelou ainda que o Brasil é o quarto pior país para se encontrar trabalhadores especializados. Mas, ao mesmo tempo a venda de carne está em alta, pelo menos em Curitiba.

O ofício de açougueiro tem registros já na Roma antiga, quando a profissão foi inclusive regulamentada, dotada de privilégios e diversificada de acordo com os animais que se abatiam. Além de açougueiros, chefes de cozinhas, padeiros, mecânicos e eletricistas, que também fazem parte das chamadas profissões de ofícios, estão entre as profissionais mais em falta no mundo no momento.

“Nosso ramo está em extinção. Ninguém mais quer trabalhar na área e ter de encarar oito horas por dia ou até mais de trabalho”, afirma o açougueiro Cláudio Cordeiro, de 45 anos. Desde os 13 anos de idade trabalhando no meio, Cordeiro aprendeu o ofício com o primo e passou praticamente toda a carreira no mesmo estabelecimento: o Açougue Domakoski, um dos mais antigos de Curitiba, em funcionamento desde 1956.

Com tamanha tradição, o Açougue Domakoski vem conseguindo passar praticamente ileso pela crise econômica. “A crise não afetou muito, até porque a maioria dos clientes já vem há tempos aqui. São clientes e amigos, conhecem a gente pelo nome, nós sabemos o nome deles”, conta Cordeiro.

Outro açougue que vive dias intensos é o Três Marias, que neste mês está completando 25 anos de existência. Fundado em 1990 por Fernando Filla, o comércio familiar já está na segunda geração da família. Quando abriu a empresa, Filla teve que iniciar a batalha sozinho . Hoje, já são 30 trabalhadores que se revezam em turnos de manhã e tarde.

“Eu comecei a trabalhar vendendo verduras com o meu avô. Daí passei a ajudante de açougueiro, fazendo entregar. Foram 22 anos como empregado do meu tio, até que consegui juntar um dinheirinho, comprei um terreno e abri o açougue”, recorda Filla. “No começo foi difícil, nos trancos e barrancos, mas fui batalhando. Em três meses já tinha dois funcionários. Hoje são mais de 30 e somos o maior açougue de Curitiba”, comemora o empresário, que conta com a ajuda da família para tocar o negócio.

“Para mim o ano está sendo excelente, não posso reclamar. Não sei nem como agradecer a Deus, porque para mim está sendo um ano muito bom, até melhor que anos anteriores, com aumento nas vendas entre 10 e 20%”, comemora Filla, contando ainda que comercializa cerca de duas toneladas de carne por dia em seu açougue.