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HOJE NA HISTÓRIA – 12 de julho de 1990 – Morre João Saldanha

 

j_o_a_o__s_a_l_d_a_n_h_a__jornalNove dias após ter comemorado seus 73 anos de vida, João Saldanha morreu, colocando um ponto final em um dos trechos mais importantes da história do futebol brasileiro. Jornalista esportivo, famoso por suas críticas ferrenhas a técnicos e jogadores, Saldanha mostrou que além de criticar, sabia conduzir (muito bem) uma equipe de futebol.

 

Em 1957, o jornalista foi contratado para dirigir o time do seu coração: o Botafogo. Mesmo sem experiência, o esguio rapaz determinado levou à vitória o alvinegro carioca no Campeonato Estadual. Cansado dos problemas que viveu no clube, ele deixou o cargo e entrou na década de 60 como comentarista, o "comentarista realmente técnico" – slogan que não poderia ser mais adequado.

 

Em 1969, o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos, João Havelange, contratou João Saldanha para dirigir a Seleção Nacional. Segundo Havelange, Saldanha foi contratado para que os jornalistas criticassem menos o time e a CBD, principalmente após a pífia campanha na Copa do Mundo de 66. Independente do motivo, Saldanha surpreendeu e conseguiu recuperar a auto-estima dos jogadores após uma série de vitórias nas Eliminatórias para o Mundial de 70. Às vésperas da competição, incomodado com uma série de cobranças, muitas delas de cunho político, deixou a Seleção, entregando a equipe pronta para que o bicampeão do mundo, Zagallo, assumisse seu lugar e levasse o Brasil ao tricampeonato.

 

 

j_o_a_o___s_a_l_d_a_n_h_aDepois da Copa, "o comentarista que o Brasil consagrou" passou a exercitar seu estilo ferino e direto na imprensa. Chegava a hora do João sem medo, atacando a corrupção nos clubes e federações, a falta de planejamento dos calendários, e a pressão dos interesses políticos. Criou um estilo próprio de escrever: irônico, bem humorado, simples e objetivo, Saldanha descomplicou o vocabulário para se falar de futebol. Tanto na TV, quanto nos jornais para os quais escrevia, ele era um sucesso.

 

Ao longo de sua vida, uma história muito bonita foi contada. Bonito também foi seu fim. Saldanha morreu durante a cobertura da Copa do Mundo da Itália. Mesmo passando mal, uma das grandes preocupações do cronista era não deixar de publicar sua coluna diária no JB que, nesta época, exprimia sua insatisfação com o futebol brasileiro da Era Dunga. Apesar de firme e guerreiro, seus pulmões, destruídos pelos muitos anos de tabagismo, fraquejaram. Era o fim do jogo para Saldanha.