HOJE NA HISTÓRIA – 8 de julho de 2002 – E foi-se embora o Patativa do Assaré…
Aos 93 anos, morreu em sua casa do Assaré, Cariri (CE), onde sempre viveu, Antônio Gonçalves da Silva, o popular poeta Patativa do Assaré. Em 1964, Luiz Gonzaga, ao ver Patativa recitar o A triste partida, decidiu musicar o poema e tornou o poeta conhecido nacionalmente.
Era de um olho desde os quatro anos de idade e aos oito ficou órfão de pai. Aos 10, já compunha versos com o domínio perfeito da métrica, embora fosse consciente das limitações de quem começa. "Fiquei com medo mas não recuei, decidi caprichar", lembrou ao conceder uma entrevista ao JB pouco mais de um ano antes de sua morte.
Homem da roça, como gostava de se afirmar, recebeu títulos de doutor honoris causa das universidades regional de Cariri, estadual e federal do Ceará e ainda da Universidade Tiradentes, de Sergipe. Foi autor de oito livros e gravou parte da sua obra em seis LPs e dois CDs. Entre as publicações mais populares estão a Inspiração nordestina (1956), O metapoema em Patativa do Assaré (1984), Ispinho e fulô (1988), Balceiro (1991) e Digo e não peço segredo. (2001). Se dependesse de Patativa, o seu sexto livro, o Balceiro 2 (2001) seria o último, e as flosas feitas com Geraldo Gonçalves da Silva, seu sobrinho e sucessor, permaneceriam no caderninho ou apenas na sua memória:"O que eu tinha a dizer, já disse, que é para o povo saber; quem não aprendeu é porque não quis", alegou o poeta.
A principal temática de Patativa era a seca, a terra onde vivia. Mas ele não deixava de fazer poesias bem-humoradas, contando histórias pitorescas da vida sertaneja. A política também nunca ficou distante de Patativa. Durante a ditadura, ele condenou os militares e chegou a ser perseguido. Era viúvo de Belarmina Paz Cidrão. Deixou oito filhos e a certeza de que o sertão brasileiro ficou mais bonito, depois que ele passou por ali.