Requião toma gravador de repórter no senado
O senador Roberto Requião (PMDB) protagonizou, ontem, em Brasília, mais um episódio polêmico na sua relação com a mídia. Questionado sobre sua aposentadoria vitalícia de ex-governador do Paraná, Requião se irritou e tomou o gravador das mãos do repórter da Rádio Bandeirantes, Victor Boyadjian, levando o aparelho para seu gabinete. O jornalista, que tentou sem sucesso registrar a ocorrência na Polícia Legislativa, só conseguiu obter o equipamento de volta depois de ir pessoalmente ao gabinete do senador. A secretária de Requião devolveu o aparelho, mas sem o cartão de memória com o registro da entrevista.
O episódio começou quando o senador paranaense era questionado pelos jornalistas que cobrem o Senado sobre os efeitos do aumento da inflação nas contas públicas. “Esse assunto (da aposentadoria dos ex-governadores) entrou na pauta porque eu perguntei pra ele se os gastos públicos poderiam aumentar a pressão inflacionária. Ele disse que não”, contou o repórter, em entrevista à Band News de Cuririba. “Perguntei se o Paraná tivesse que cortar salários, gastos públicos para se adaptar ao aumento da inflação, se ele abriria mão de sua pensão. Ele pegou o gravador da minha mão, ficou muito nervoso, e começou a dizer que estava louco para bater em um moleque”, disse o jornalista.
O repórter, acompanhado do presidente do Comitê de Imprensa do Senado, Fábio Marçal, foi até a Polícia Legislativa para registrar o caso, mas foi informado que só a Corregedoria da Casa poderia receber a denúncia, já que ela envolvia parlamentares. O problema é que o corregedor do Senado ainda não foi indicado, o que impediu o registro da ocorrência. O jornalista decidiu então apresentar queixa formal contra o peemedebista para 1ª Delegacia de Polícia de Brasília.
O secretário de Comunicação do Senado, jornalista Fernando César Mesquita, ligou para Requião pedindo que ele devolvesse o cartão de memória do gravador, mas o paranaense se recusou a atendê-lo. Restou ao comitê de imprensa do Senado entrar com representação contra o senador na Mesa Diretora. “Só na ditadura é que eu presenciei fato tão ridículo como este”, lamentou o presidente do comitê, jornalista Fábio Marçal.
Ontem à noite ligaram do gabinete de Requião avisando que iriam devolver o chip. Mas quem apareceu na porta foi seu filho, Maurício, dizendo que o pai tinha deixado a Casa e que não iria atender os repórteres. O filho do senador acabou devolvendo o cartão do gravador, mas com a memória apagada.dmdocuments/nome_do_arquivo.mp3