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O verdadeiro sentido do 7 de Setembro

 

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Obviamente, o dia da Independência, celebrado neste Sete de Setembro, é algo para se comemorar. Afinal, é a data do nosso nascimento como país. No entanto, para quem gosta de História, é sempre interessante pensar na nossa origem.

 

A maioria dos países americanos nasceu de revoluções. A mais famosa é a dos Estados Unidos, em 1776. Os habitantes das 13 colônias não apenas se libertaram da Inglaterra, mas estabeleceram um novo padrão de governo para a época.

 

É preciso lembrar: no século 18, ainda não era nem mesmo comum que os países tivessem uma Constituição. No mais das vezes, o rei era a lei, e pronto.

 

Com o Iluminismo, a ideia de que todos (inclusive o rei) deveriam ser iguais na obediência a algo maior (a lei) começou a ganhar força.

 

Foi o que aconteceu nos EUA. Além de instaurar uma República, como voto popular para escolha do presidente, os Estados Unidos decidiram ser fiéis a uma Constituição.

 

Criaram um importante modelo democrático para a humanidade traduzindo em prática algumas ideias que os franceses só tinham colocado no papel. E foram avanços importantes no caminho da democratização do poder e do freio aos poderosos.

 

De certa maneira, os países hispânicos também tiveram suas revoluções, com Bolívar, San Martín, etc. Implantaram repúblicas e se viram livres do jugo de um povo estrangeiro.

 

No Brasil, a nossa Independência foi, ao mesmo tempo, nosso erro original. Por que, ao contrário de ser uma revolução, foi uma contrarrevolução.

 

Foi assim: Portugal, como outros países europeus, não queria mais reis poderosos, sem limites. Quis ter uma Constituição. E fez a sua revolução: a revolta constitucionalista do Porto.

 

O monarca, D. João VI, correu para lá para tentar não perder a coroa nem o poder. Negociou, se manteve no trono, mas perdeu força. As Cortes, o Paralamento, passaram a impor certas restrições ao poder real.

 

Enquanto isso, por aqui, o filho do imperador enfrentava um dilema. Ou aceitava as mesmas restrições de poder ou tinha de se impor aos burgueses. D. Pedro I não era homem de ceder a ninguém.

 

Criado na época do Absolutismo, Pedro nunca aceitaria ser um rei "mandado" por outros, nem dividir o poder com ninguém. As Cortes mandaram-no voltar, ele disse que ficava (para o bem geral da Nação…)

 

Quando tentaram de vez lhe impor o freio, gritou: Independência ou morte. Mas a independência que lhe interessava, mais do que a da colônia, era a sua. A independência de governar como bem entendesse.

 

Nossa Independência é uma contrarrevolução. Foi feita por um príncipe violento, brutal, antidemocrático, que não queria perder seu poder. Foi feita para que o povo não mandasse. Para que se submetesse a um déspota.

 

Assim nascemos. E durante muito tempo nosso país sofreu ainda (sofre? ainda?) com esse erro original. Nossos governantes sempre acreditaram que o povo existe para eles. E não o contrário. Não faz nem 20 anos, uma ministra não disse que o povo era só um detalhe?

 

É preciso celebrar o 7 de setembro. Mas é preciso lembrar o que ele significa.

fonte:

Por Rogerio Waldrigues Galindo

Jornalista e Editor do Jornal Gazeta do Povo