Em todo o Paraná, 89% dos colégios estaduais têm falhas estruturais
Educadores são unânimes em afirmar que as condições físicas das escolas interferem no aprendizado. Entre as situações mais comuns estão os problemas no forro e nas partes hidráulica e elétrica dos imóveis. Os prédios têm, em sua maioria, mais de 20 anos de construção. Para tentar amenizar a situação, a Seed selecionou 340 colégios em situação crítica para passar por reformas dentro do programa Renova Escola. Eles serão reformados ou ampliados até 2015. Dentro do cronograma estabelecido, 50 colégios de todo o Paraná devem receber melhorias ainda em 2012, mas as obras também não começaram. Segundo a Seed, as reformas estão em fase de contratação.
Meta tímida
A presidente da APP-Sindicato, Marlei Fernandes de Carvalho, diz que a meta de reformar 340 de 1.889 colégios (o equivalente a 18%) em quatro anos é muito tímida. “É quase nada. Fico muito triste porque a escola não pode ser um amontoado de alunos num lugar que não seja condizente com o aprendizado”, opina.
A doutora em Política Educacional e professora da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Esméria Saveli afirma que a má estrutura do prédio escolar dificulta o ensino. “Os problemas de infraestrutura interferem no lado pedagógico porque afetam as condições de trabalho do professor.” Para ela, é evidente que uma sala com quadros desnivelados, janelas quebradas, muito escura ou barulhenta vai prejudicar o conteúdo das aulas.
Marlei assinala que a falta de manutenção dos prédios é histórica. “Não é de hoje que as escolas estão com problemas estruturais. Mas, nos últimos 15 anos, esses problemas vêm se agravando.” O superintendente da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude) do Paraná, Jaime Sunyé Neto, concorda: “A estrutura física já é antiga e temos uma demanda reprimida muito grande. Além disso, surgiram demandas novas nos últimos anos, como a questão da acessibilidade e da sustentabilidade nos prédios”.
Ele cita ainda a previsão do governo do estado de construir 500 escolas integrais até o final do mandato. “As escolas com tempo integral exigem adaptação no prédio, com refeitórios, depósitos para os alimentos e a previsão de chuveiros nos banheiros”, afirma.
Reformas em 340 escolas vão custar R$ 40 mi
A reforma ou ampliação em 340 colégios estaduais selecionados pelo programa Renova Escola vão custar R$ 40 milhões. Os recursos vêm de uma parceria com o Banco Mundial, segundo a Secretaria de Estado da Educação (Seed). Com esse recurso seria possível erguer 13 escolas novas semelhantes à que será inaugurada neste ano na cidade de Imbaú, nos Campos Gerais. Uma escola estadual, que está em fase final de obras no município, custou R$ 2,9 milhões e tem capacidade para atender 600 alunos dos ensinos fundamental e médio. O programa prevê ainda a compra de equipamentos e mobiliário para 900 escolas, porém, a Seed ainda não tem a previsão de custos.
O superintendente da Superintendência de Desenvolvimento Educacional (Sude), Jaime Sunyé Neto, diz que os projetos do Renova Escola serão elaborados com base nas opiniões da comunidade escolar. “Queremos que pais, professores e funcionários participem, dentro de um processo descentralizado, porque eles sabem quais obras são melhores para suas escolas”, comenta.
Sunyé Neto lembra que o programa é apenas um dos programas de obras da Secretaria da Educação. “Temos mais de R$ 100 milhões no orçamento para intervenções nas escolas estaduais. No ano passado fizemos mais de 500 obras e, até o final deste ano, vamos chegar a 1,5 mil reparos, reformas e ampliações de escolas”, afirma.
Fundo rotativo é usado na manutenção de estabelecimento escolar
As escolas estaduais recebem verba mensal da Secretaria de Estado da Educação (Seed) para limpeza, conservação e manutenção dos prédios conhecido como fundo rotativo. No Instituto de Educação César Prieto Martinez, em Ponta Grossa, esse recurso foi usado, junto com a verba da Associação de Pais, Mestres e Funcionários, na compra de revestimento.
Há dois anos e meio, a escola passou por uma reforma que custou R$ 3,5 milhões. A direção adotou algumas medidas para conservar o prédio em bom estado. “Colocamos câmeras na escola. Os alunos agora ficam com receio da vigilância e não danificam o prédio”, explica o diretor da escola Antônio Josué Junior, que utiliza o fundo rotativo para fazer a manutenção. O revestimento, segundo ele, será usado para proteger as paredes dos corredores e das salas de aula. Segundo Josué, a reforma no prédio, antes atingido por infiltrações, deu novo ânimo a alunos, professores e funcionários. “Mudou da água para o vinho, é outra história você estar em uma escola reformada”, diz. (MGS)
Em meio ao ano letivo, as obras acabaram atrasando o reinício das aulas neste segundo semestre no Olinda Truffa. Os estudantes retornaram no dia 30 em vez do dia 23, por causa da reforma. Mas, conforme o Núcleo Regional de Educação, os alunos cumprirão um calendário de reposição. No Colégio Costa e Silva, os trabalhos seguem a passos largos e os alunos, inclusive, já estão ocupando parte da nova estrutura. O investimento total nas duas unidades é de R$ 2,6 milhões.
Outro colégio em obras é o Eugênio Malanski, em Ponta Grossa (Campos Gerais). Cerca de R$ 600 mil estão sendo investidos na construção de três novas salas de aula e banheiros com acessibilidade, além da construção da parede do ginásio. As obras são fruto de uma parceria entre a prefeitura e a Seed. A vice-diretora, Gicelis Maria Dias, conta que a obra era esperada há anos. “Nós atendemos um público muito grande e as salas existentes já não eram suficientes. As paredes do ginásio também eram importantes”, conta. (MGS)